Especial: Futebol e atualização metodológica

(Foto: Divulgação)

O futebol está em constante evolução em todos os cantos do mundo, tanto em negócios, como em metodologia e gestão. Atualmente com a globalização mundial através da velocidade na internet e redes sociais estamos aptos a adquirir conhecimento e também propagar nossos aprendizados para outras pessoas. Por esse motivo, aproveito a oportunidade de expor minhas ideias a respeito de futebol naquilo que venho descobrindo e aperfeiçoando no decorrer dos anos.

Existe hoje no Brasil uma "moda" metodológica no treinamento do futebol, principalmente com a nova geração de profissionais, que estão aproveitando este momento de globalização de conhecimentos para buscar seu espaço no mercado de trabalho. Mercado este, desgastado por ter uma crença convencional e desatualizada, mas ao mesmo tempo, vicioso, pois observamos um ciclo que perdura por muitos anos tanto em comissões técnicas e jogadores quanto no área de gestão e negócios.  Portanto, a metodologia no futebol é o carro chefe nessa busca incessante por novas ideias dentro do mercado onde observamos a Periodização Tática criada pelo professor português Vitor Frade, conhecida no mundo todo após os sucessos de José Mourinho e defendida por alguns treinadores portugueses e estudantes da Faculdade de Desportos de Porto que por lá estiveram.

Desde 2005 venho mudando meus conceitos sobre treinamento e após a parceria com o técnico Beto Almeida consolidamos conceitos e mecanismos de treinamento nunca difundidas no Rio grande do Sul e por consequência obtivemos sucesso com resultados expressivos, mas sempre fomos muito criticados por gestores, entendedores e colegas de profissão por fazermos aquilo que não condizia com o trivial. Entretanto nunca fomos irresponsáveis e insanos de afirmar que estávamos desenvolvendo Periodização Tática, mas sim, uma nova ideia em treinar futebol.

Em dezembro de 2009, na pré-temporada para o campeonato gaúcho, iniciamos desde o primeiro treinamento desenvolver uma metodologia sistêmica priorizando os sub princípios e princípios do modelo de jogo (maneira do time se comportar dentro de campo), com ênfase na otimização da performance desportiva fugindo do convencional (teoria reducionista), onde a maioria dos clubes e profissionais ainda tem como periodização desportiva. Ao mesmo tempo em que objetivamos treinar futebol desde o principio continuávamos realizando controles de desempenho e avaliações físicas conseguindo resultados expressivos individuais com evolução dentro de parâmetros físicos no próprio grupo nos proporcionando a segurança de estarmos no caminho certo. Por motivo de divergências com os diretores e por resultados inicias, acabamos saindo deste clube que no final do campeonato acabou como a melhor campanha do interior. Nossas ideias continuaram num outro clube no mesmo campeonato onde tivemos uma excelente campanha também.

Em 2010 tivemos um trabalho muito expressivo e com a mesma metodologia empregada desde 2006, porém, muito mais evoluída tendo como essência a Periodização Tática, conseguindo criar um modelo de jogo bem explicito dentro de campo onde estimulamos os atletas desde o primeiro dia da pré-temporada em ações cognitivas coletivas onde todos pensavam e discerniam dentro do treinamento e jogos o mesmo pensamento em prol do resultado positivo e execução do Modelo de Jogo. Obviamente que este conceito era muito bem estimulados dentro do treinamento, apoiado por competentes profissionais de todas as áreas criando uma comissão técnica interdisciplinar e tendo como base do microciclo, os substratos mais relevantes para a aptidão do modelo de jogo, combinada com o desenvolvimento e evolução coletiva cognitiva tendo como referência o último jogo disputado e o próximo adversário a ser batido.

Atualmente observamos muitos profissionais do futebol relatando sobre suas metodologias, vendendo "um peixe" da modernidade, falando ser adeptos da Periodização Tática. Porém o discurso não condiz com aquilo que vimos dentro de campo e nos treinamentos apresentando nos jogos uma equipe um modelo de jogo não condizente ao discurso e com jogadores estereotipando comportamentos cognitivos não habituais da Periodização Tática.

Acredito que ninguém no Brasil desenvolve treinamentos na essência total da metodologia idealizada por Vitor Frade até porque nem mesmo o carro chefe da PT (José Mourinho), trabalha na sua totalidade, alias, acrescento também que o próprio autor da metodologia consegue propagar sua ideia muito bem embasada na teoria da complexidade e teoria do caos, mas não teve o mesmo êxito na sua aplicabilidade em clubes.

Enfim, simpatizo muito com a Periodização Tática e com todas as metodologias inovadoras que prezam pelo treinamento do futebol, pois para mim o atleta, seja qual for o desporto, necessita de especificidade para ter performance desportiva e consequentemente ser cobrado por isso. O futebol no Brasil está sendo renovado e conheço vários profissionais que hoje são conhecedores da metodologia inovadora tanto na sua teoria como na sua pratica tais como : Beto Almeida - CSA/Alagoas, Cristian de Souza, Vinicius Munhoz Mauro Rocha – Fragata FC/Pelotas, James Freitas e Gustavo Fragoso - Grêmio FBPA, Douglas Tajes  e William Thomas - CAP/Paraná, Rafa Vieira - Flamengo/RJ, Cláudio Roberto e Celso Silva- Esporte Clube Águia Negra/MS, António Picoli e Rodrigo Squinalli –S.E.R Caxias/RS, Luiz Esteves -E.C Pelotas/RS. Além desses profissionais que conheço, existem muitos outros por todo o Brasil que estão em busca de novos conhecimentos para o bem maior do nosso futebol.

Postagem especial por

Professor Especialista Michel Huff

Preparador Físico do F.C. Metalist - Kharkiv/Ukrania

Histórico: Professor de Educação Física (IPA-IMEC/RS) com Pós-graduação em Técnico Desportista em Futebol e Futsal (PUC/RS). 

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